20 de out. de 2011

Positivismo

RIBEIRO JUNIOR, JOÃO. O QUE É POSITIVISMO. 2.ED. SÃO PAULO: BRASILIENSE, 1994. 77 P. (COLEÇÃO PRIMEIROS PASSOS).
Amanda, Caroline, Letícia e Waldina. 2ºB.

O que é positivismo?
O positivismo abandona a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética.
O liberalismo, até então a base das idéias filosóficas, começou a sofrer transformações, numa tentativa de conciliar sua estrutura racional, com o empirismo.
Em pouco tempo a tendência da ciência e do pensamento político-social centra-se no empirismo e reduz a autoridade do racionalismo. E é na contestação ao racionalismo abstrato dos adeptos do liberalismo que surgem os defensores do cientificismo, seduzidos pelo progresso contínuo, propondo que os fatos só são conhecidos pela experiência e que a única válida é a dos sentimentos. Passa então o positivismo a dominar o pensamento típico do século XIX, como método e como doutrina.
A palavra de ordem do positivismo era desprezar a inacessível determinação das causas, dando preferência à procura das leis, isto é, das relações constantes que existem entre os fenômenos.
O positivismo é uma filosofia determinista que professa, de um lado, o experimentalismo sistemático e, de outro, considera anticientífico todo estudo das causas finais. Assim admite que o espírito humano é capaz de atingir verdades positivas ou da ordem experimental, mas não resolve as questões metafísicas, não verificadas pela observação e pela experiência.
Pode-se dizer que o positivismo é um dogmatismo físico e um ceticismo metafísico. É um dogmatismo físico, pois afirma a objetividade do mundo físico, e é um ceticismo metafísico, porque não quer pronunciar-se acerca da existência da natureza dos objetos metafísicos.
Comte acreditava que é no estado positivo que o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas. Como reação ao idealismo, a doutrina comtiana oferece uma parte geral e uma especial. Na geral, ocorrem a teoria dos três estados mentais e a classificação hierárquica dos conhecimentos humanos. O estado teológico-ficticio, em que o espírito humano explica os fenômenos por meio de vontades transcendentes ou agentes sobrenaturais; o estado metafísico-abstrato, onde os fenômenos são explicados por meio de forças ou entidades ocultas e abstratas; e o estado positivo-cientifico, no qual se explicam os fenômenos, subordinando-os às leis experimentalmente demonstradas.
O estado Positivo é, pois, o termo fixo e definitivo em que o espírito humano descansa e encontra a ciência. Partindo, assim, do principio de que o objeto da ciência é só o positivo, isto é, o que pode estar sujeito ao método da observação e da experimentação. 
A doutrina positivista pode ser considerada sob o aspecto psicológico. Para Comte a psicologia faz parte da biologia, posteriormente destacará a psicologia da biologia, denominando-a moral teórica.
E também no aspecto ontológico, Comte nega as causas eficientes e finais, o infinito e o absoluto, para reconhecer apenas o relativo, o sensível, o fenomenal, o útil. “Tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta” (pensamento fundamental do positivismo).
Em toda a sociedade, desde a mais primitiva, há os dirigentes e os dirigidos. No ponto de vista positivista os dirigentes devem ser sempre os mais capazes, aqueles que influem na educação e na cultura da espécie humana e que modificam o pensamento dos indivíduos através de sua pregação e conduta moral. (sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, jornalistas...)
Comte olha para o progresso social como condicionado pelos concomitantes biológicos dos indivíduos, de tal forma que nenhuma estrutura social é possível sem que esteja previamente determinada nos fatores biológicos.
O positivismo “como regime definitivo da razão humana frente à ação da metafísica” surgiu do progressismo, com o objetivo de aproveitar as virtudes do progresso, ou da evolução progressista, pela compreensão racional e científica do problema da ordem, determinando os elementos fundamentais de toda a sociedade humana.
Como doutrina e método, o positivismo passa a enfrentar a sociedade individualista e liberal, através da ordem e do progresso, que Comte considerava fonte principal de todo sistema político.
É nesta linha de raciocínio que Comte, partindo da noção de solidariedade, apresenta uma política de paz e amor, substituindo a idéia sobrenatural do direito pela idéia natural do dever. A política positiva não reconhece nenhum direito além do de cumprir o dever, e assim, nega categoricamente a própria existência do direito como tal. Mas o que realmente caracteriza sua política, é a preocupação de se orientar pela moral (o que decide se uma resolução/decisão deve ser tomada é saber se ela condiz com a moral).
Segundo Comte, o homem na individualidade não existe na sociedade científica, também não há lugar para a liberdade de consciência, que por sua vez não determina sozinha o modo de existência prática, não bastam as condições materiais de vida para definir a consciência.
O sacramento do casamento é obrigatório, pois o positivismo condena o celibato (pessoa solteira) ao mesmo tempo em que declara a indissolubilidade do casamento, mesmo que um dos casados morra o que mostra que a viuvez é eterna, para ele.
Há ainda a Transformação que é uma espécie de extrema-unção, uma purificação e um viático (sacramento eucarístico administrado fora da igreja) que tem por fim facilitar a Incorporação que é a recompensa do fiel positivista.
Comte, preocupado ainda com a severidade das suas prescrições, propõe que o sacerdócio deverá, sendo preciso, solicitar junto ao governo a instituição das regras legais destinadas a temperar a severidade das prescrições religiosas cuja observância é livre.
Como se vê, o positivismo frente à ciência e à religião não nega nem afirma senão aquilo que é possível negar ou afirmar, isto é, aquilo que cabe debaixo da experiência e da observação.
Auguste Comte irá fazer a síntese da ciência e da religião, construída a partir do conceito de humanidade. A ciência, vinculada às necessidades do homem, fornece os meios para se chegar à religião, que assegura a realização de seus fins.
A religião positivista, portanto, como a ciência positivista, parte do concreto para o concreto e não do abstrato para o concreto, para fornecer os princípios da regeneração das sociedades.
Abraçando ao mesmo tempo a ciência, a filosofia, a religião e a poesia e desprezando as especulações teológicas e metafísicas incapazes de melhorar a existência humana, pois as regas da felicidade humana são feitas pelo e para o homem, o positivismo, pela noção de humanidade que sistematiza fatos sociais, preocupa-se, principalmente e, sobretudo em dispor o homem a “viver a outrem”.
A ciência deve sujeitar-se ao sentimento, à subjetividade; portanto o importante para Comte é estabelecer o valor moral da ciência a fim de demonstrar a relação logica existente entre ela e a religião.
O culto a humanidade não se confunde com aquele que os católicos dirigem a Deus. Nem era possível, já que ele declara não há provas da existência de Deus, e que a humanidade é um ente real e demonstrável.

O dogma essencial do positivismo pode ser formulado da seguinte maneira: há coisas que o homem pode conhecer e há outras que jamais conhecerá.
É impossível alcançar noções absolutas, pois “tudo é relativo”. E não é por um raciocino mais ou menos bem encadeado que se chega a esta conclusão de que Comte fez um dogma; é pelo método experimental que se estabelece um limite para cada categoria de fenômenos. Há um limite em que os fatos se tornam inacessíveis à experimentação; a partir dele, penetra-se na espiritualidade, onde se movem as ideias Deus, da alma e da imortalidade.
Em suma o positivismo se preocupou em guardar o conteúdo da moral cristã sobre o amor ao próximo, eliminando concepção do mundo que lhe serve de base, e construindo sobre ela o altruísmo, como fundamento de todos os deveres particulares.
Dai Comte afirma que “nós não diferimos dos católicos senão em que a nossa unidade se refere à humanidade, ao passo deles se refere a Deus”.
Na doutrina positivista, os deveres para com os outros prevalecem como altruísmo, pois ela concebe a dignidade humana como superioridade moral que se adquire procurando o bem alheio; porém, assim procedendo ela faz do amor um dever: ordena aos homens amarem-se na humanidade.
O que a religião positivista propõe não é o devotamento a outros homens – o amar uns aos outros – mas sim o devotamento a um fim superior a qualquer individualidade: o Grande Ser, a humanidade entendida como sucessão das gerações, como uma coleção de individualidade.

Do positivismo ao evolucionismo social
O pensamento político-social passa a sofrer marcante influência da biologia. Discute-se a sociedade em função das analogias biológicas, isto é, a sociedade é comprada em estruturas e funções à vida orgânica.

A sociedade passa a ser encarada como produto orgânico, e se concebe para o Estado esta mesma natureza, seja como órgão dentro da estrutura social, seja como a estrutura social sob um aspecto particular.
A sociedade, como um todo é considerada separadamente de unidades vivas, apresentando, assim, fenômenos de desenvolvimento, estrutura e função análogos aos do crescimento, estrutura e função num animal. Para Herbert Spencer, há seis semelhanças fundamentais e três diferenças entre sociedade e o organismo animal.
O Estado, para Spencer não é somente um organismo, mas um organismo que evolui. De estado militar, autoritário, ele evolui para o estado industrial, civil e liberal, dominado pela lei e não pela arbitrariedade dos governantes. As sociedades militares exigem uma disciplina que implica a obediência do individuo para o bem da coletividade, enquanto as sociedades industriais se colocam a serviço do individuo e de sua liberdade. O processo da civilização: resulta na evolução progressiva, pela qual cada personalidade se torna autônoma, concorrendo, ao mesmo tempo, para a perfectibilidade geral de todos e de cada um.
E o governo, nesta sociedade, só tem por fim impedir o excesso do egoísmo, pois sua ação deve estar na razão inversa do progresso social. É simples protetor e não promotor de interesses. Spencer entende que o Estado deve limitar a sua atividade ao cumprimento das funções essenciais, como a defesa contra agressões externas para manter a paz e a ordem, e a prevenção da arbitrariedade contra s indivíduos, proporcionando-lhes proteção e segurança. Para ele, portanto, qualquer expansão da autoridade do Estado representa um obstáculo para a evolução natural e embaraça a diferenciação da estrutura social, que as exigências do progresso impõem. Foi embasado na psicologia e no darwinismo aplicados à moral, que Herbert Spencer apresenta três princípios quais se relacionavam idéias do bem e mal: o principio do interesse pessoal, o do instinto pessoal e o da hereditariedade, assim Spencer entende que o egoísmo nasceu necessária e fatalmente com todas suas moralidades elevadas como o altruísmo, sendo que ele só nasce do egoísmo e se robustece com ele. Segundo Spencer, o bem da comunidade é o bem de cada individuo. O egoísmo três o altruísmo se harmonizam numa sociedade futura para qual tendemos. O altruísmo representa a mais perfeita adaptação dos indivíduos ao ambiente social, em que tudo é solidário. Para Herbert existiam três mundos, o mundo inorgânico ( sistema celeste, minerais), o mundo inorgânico ( vegetais, animais ) e o mundo super orgânico (o homem, as sociedades ) e foi desta forma que a moral e o direito pertencem ao mundo superorgânico e governados pela lei universal da evolução. Enquanto Augusto Comte nega a própria existência do direito, Spencer entende que o direito nasce e se desenvolve a partir das propriedades intrínsecas do individuo, para ele o direito é destinado a organizar as funções da sociedade no meio de obstáculos, com suas diferenças que caracterizam cada povo, sua idéia de justiça contem dois elementos: o positivo e o negativo: o positivo reconhecido do direito que todo homem tem à sua livre atividade e o negativo que resulta do reconhecimento dos limites impostos pela presença de outros homens. Desse modo, quer que se adote o ponto de vista de Spencer ou o de Comte, a filosofia permanece como sistema de explicação positiva do universo em oposição a toda metafísica. Por isso é que foi possível a alguns ideólogos republicanos brasileiros combinarem Augusto Comte e Herbert Spencer para construírem suas teorias políticas sobre o fundamento das realidades da experiência.

A religião da humanidade
O grande ser é “o motor imediato de cada existência individual ou coletiva” que inspira a formula máxima do positivismo: o amor por princípios. “E a ordem por base, o progresso por fim”.
A região positivista baseia-se no conhecimento do mundo, pretende concorrer para o aperfeiçoamento moral intelectual e prático da humanidade. A humanidade se opõe dos mortos, que adquiriram a vida subjetiva dos vivos que se esforçam por adquiri-la, e dos não nascidos, que se supõe devam adquiri-la, e assim é constituída por uma trindade a humanidade que trabalha , trabalhou, e que trabalhará.
Para Augusto Comte o grande ser é muito mais do que uma simples abstração de forma vazia, é uma realidade, pois apresenta a comunhão de todos os homens em uma contínua solidariedade no tempo e no espaço. A solidariedade com a continuidade é a condição fundamental da existência e do desenvolvimento da humanidade. É, pois na humanidade que o homem irá satisfazer sua necessidade real com Deus, e seu desejo de imortalidade. O mesmo concilia o fetichismo individual com o positivismo, o estado teológico-fictício com o estado positivo-científico, para explicar o grande ser, pois entende que é só no fetichismo individual ou coletivo, onde há uma expansão ingênua do sentimento, que se realiza a verdadeira identificação entre o homem e a humanidade.
Para o positivismo, a humanidade é formada só de homens. Quanto à mulher, Comte julgou-a condenada a inferioridade pelas leis irrevogáveis da natureza. Segundo ele, as mulheres são o sustentáculo das providencias sociais, pois seu concurso é indispensável para o advento do positivismo. Elas têm a função única de amar.
A classe mais importante da classe positivista é a dos sacerdotes, que não são teólogos, mas sociólogos. São intérpretes das regras sócio religiosas do positivismo, por isso distinguem-se pela coragem, perseverança e prudência. Os sacerdotes não podem possuir qualquer parcela de poder temporal, pois foi a mescla do espiritual com o temporal segundo Comte, o grande erro da antiguidade, e a grande contribuição do cristianismo foi separá-lo.
O patriciado é a classe detentora do poder temporal. É a classe que possui capacidade industrial em diversas subdivisões: banqueiros, comerciantes, fabricantes e agricultores colocados em escala hierárquica. O patriciado assim é composto de empresários que têm na sociedade positivista o mesmo papel que os papas que reservavam a nobreza feudal.
Quanto ao culto da humanidade, também é abstrato conforme se considera a existência do ser humano: como agente de sua evolução. O positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da metafísica.

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